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01/11/2025

Resiliência Urbana: alternativas de infraestrutura verde como um potencial genuíno de transformação da vida nas cidades

Resumo

O urbanismo contemporâneo tem insistido na importância da preservação do meio ambiente e da
renovação dos espaços públicos, procurando por alternativas de infraestrutura em larga escala
com um potencial genuíno de transformação da vida nas cidades. Com o aumento da
vulnerabilidade de muitas cidades e, mesmo, de regiões, tornou-se urgente refletir sobre o tema
da resiliência urbana, que é a capacidade das cidades, por meio de suas instituições, sistemas,
empresas, comunidades e indivíduos, de criarem mecanismos de adaptação aos estresses
crônicos e choques agudos a que podem ser submetidas. Inicialmente, o artigo propõe uma
contextualização sobre como a resiliência urbana passou a ser debatida junto à ONU-Habitat, em
sintonia com o tema da sustentabilidade. Passa-se, em seguida, a uma análise sobre a resiliência
em perspectiva sistêmica. Depois disso, são apresentados alguns exemplos arquitetônico-
urbanísticos de implementação de modelos ecológicos de infraestrutura verde. Por fim,
apresentam-se alguns exemplos de projetos, políticas e iniciativas privadas que se voltam para a
resiliência urbana no Brasil.

Introdução 

Os impactos das chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul em maio de 2024, em
magnitude inédita, foram o ponto de partida de uma reflexão que deu ensejo ao presente artigo.
O evento afetou 478 das 497 cidades gaúchas, atingindo diretamente 2,4 milhões de pessoas,
sendo considerado o maior evento climático da história do Estado. 1 Especialmente a cidade de
Porto Alegre e a região metropolitana sofreram grandes prejuízos, em um volume que superou,
em intensidade e velocidade, a histórica enchente de 1941.

Alguns meses depois, ao final de outubro do mesmo ano de 2024, chuvas torrenciais
ocorreram no sudeste da Espanha, atingindo, principalmente, a comunidade valenciana. Não se
trata de um fenômeno isolado. Em todo o globo, no mesmo ano, foram 17 os desastres hídricos
(de chuva ou seca) de grandes proporções. 2

O urbanismo contemporâneo tem insistido na importância da preservação do meio
ambiente e na renovação dos espaços públicos, procurando por alternativas de infraestrutura em
larga escala com um potencial genuíno de transformação da vida nas cidades. Com o aumento da
vulnerabilidade de muitas cidades e, mesmo, de muitas regiões, vem ganhando proeminência o
tema da “resiliência urbana”.

Com vistas a compreender o que significa a resiliência em escala urbana e que tipos
de solução já existem para tornar as cidades mais resilientes, o artigo tem por objetivo,
primeiramente, apresentar uma contextualização sobre como a ideia de resiliência se encontra em
sintonia com a sustentabilidade. Com isso, propõe-se uma perspectiva sistêmica para se avaliar a
resiliência de acordo com os múltiplos riscos em um sistema urbano. Em seguida, são
apresentados alguns exemplos arquitetônico-urbanísticos de implementação de modelos
ecológicos que proporcionam maior resiliência para as cidades, dando ênfase às infraestruturas
verdes. Por fim, apresentam-se alguns exemplos entre projetos, políticas e iniciativas privadas
que se voltam para a resiliência urbana no Brasil.


1. A resiliência urbana em sintonia com a sustentabilidade

O conceito de resiliência designa, originalmente, a propriedade física de um corpo
de recuperar a sua forma original após sofrer choque ou deformação 3 . Em sentido figurado,
tornou-se comum empregar a expressão para designar uma capacidade de recuperação e de
superação de adversidades em situações desfavoráveis. Olhando para o contexto mais amplo do
urbanismo, o conceito de resiliência designa a capacidade da cidade, por meio de suas
instituições, sistemas, empresas, comunidades e indivíduos de criarem mecanismos de adaptação
aos estresses crônicos e choques agudos a que podem ser submetidos.

Segundo a definição estabelecida pelo Programa das Nações Unidas para os
Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), a resiliência urbana é “a capacidade mensurável de
qualquer sistema urbano, com seus habitantes, de manter a continuidade diante de todos os
choques e tensões, ao mesmo tempo em que se adapta e se transforma positivamente em direção
à sustentabilidade.” 4 Vemos como esta definição de resiliência urbana vai além do que a adaptação da cidade, enfantizando a sua necessária transformação e afirmando a sustentabilidade
como fim. Não se trata, portanto, de mera adaptação aos eventos climáticos, ao estilo de uma
aceitação inercial dos seus efeitos, mas de uma verdadeira transformação, convergente com a
promoção do desenvolvimento urbano sustentável. “A resiliência é um catalisador para o
desenvolvimento urbano sustentável. Ela garante que os ganhos de desenvolvimento não sejam
perdidos quando as cidades enfrentam choques e que os moradores urbanos possam prosperar em
um ambiente seguro, ao mesmo tempo em que enfrentam grandes desafios, como as mudanças
climáticas e a rápida urbanização” 5 .

Em outras palavras, no contexto em que passou a ser empregado, o conceito de
resiliência urbana, desde o seu surgimento, nasce em sintonia com a concepção de um
desenvolvimento sustentável, fruto de decênios de debates e respostas inovadoras também no
âmbito do urbanismo. Como mostramos em outro artigo 6 , a perspectiva de um desenvolvimento
convergente com a sustentabilidade ganhou progressiva adesão, inclusive dos órgãos
internacionais. Nesse sentido, a ideia de desenvolvimento sustentável ganhou oficialidade com
Relatório Brundtland (1987) 7 , no qual se encontram diretrizes para a restruturação das zonas
residenciais e industriais, uso de recursos energéticos renováveis, uso de materiais na construção
e reciclagem de materiais. Ao longo dos anos, esta perspectiva ganhou mais visibilidade,
sobretudo com a Agenda 2030, o acordo de Paris e outros acordos de desenvolvimento global.
Paralelamente e em coerência com estas iniciativas, foi realizada em Quito, no Equador, uma
importante Conferência da ONU sobre Habitação e Desenvolvimento Sustentável (Habitat III),
em outubro de 2016, na qual foi aprovada a chamada “Nova Agenda Urbana” 8 .

Na Declaração de Quito, que representa um compromisso para uma Nova Agenda
Urbana, implementou-se uma mudança de paradigma sobre as cidades e sobre padrões e
princípios para o planejamento, construção, desenvolvimento, administração e melhora das áreas urbanas, considerando cinco principais pilares de implantação: políticas nacionais urbanas;
legislação e regulação urbanas; planejamento e desenho urbano; economia local e finança
municipal; e implantação local 9 .

Com a Declaração de Quito, incorporou-se um novo reconhecimento da correlação
entre a boa urbanização e o desenvolvimento, incluindo a necessidade de estratégias para a
melhora da qualidade de vida e para a renovação urbana. É interessante perceber como, já neste
importante documento, a perspectiva da resiliência é estabelecida diretamente em consonância
com a sustentabilidade, com a ideia de um desenvolvimento urbano ambientalmente sustentável
e resiliente: “Considerando as tendências demográficas das cidades e o papel central das mesmas
na economia global, nos esforços para mitigação e adaptação às mudanças climáticas e no uso de
recursos e de ecossistemas, a forma como são planejadas, financiadas, desenvolvidas,
construídas, governadas e geridas tem um impacto direto sobre a sustentabilidade e a resiliência
que vai muito além das fronteiras urbanas” 10 .

Entre os múltiplos compromissos 11 assumidos pelos países subscritores,
mencionamos com destaque a facilitação da gestão dos recursos naturais nas cidades e
assentamentos humanos; a criação e a manutenção de redes bem conectadas e bem distribuídas
de espaços públicos abertos; a atenção a deltas urbanos, zonas costeiras e outras áreas urbanas
ambientalmente frágeis; a promoção da função ecológica e social da terra; a adoção de uma
abordagem de cidade inteligente, que faça uso de oportunidades de digitalização, energia e
tecnologias limpas, assim como tecnologias de transporte inovadoras.


2. A resiliência urbana pensada de modo sistêmico

Uma vez estabelecida a rede conceitual desde onde emergiu a concepção de
resiliência urbana, o propósito do nosso estudo se volta, neste ponto a uma perspectiva prática
sobre os compromissos da Nova Agenda Urbana estabelecida com a Declaração de Quito III, de
2016, buscando inspiração no título da edição nº 195 da Revista PUCRS, “Cidades Inteligentes,
Cidades Resilientes” 12 , cujo editorial trouxe reflexões sobre eventos climáticos e uma perspectiva sobre a necessidade de integração entre os diversos setores da sociedade para a busca de soluções
urbanas sustentáveis.

A grande questão que se coloca em termos de resiliência urbana decorre de
problemas concretos advindos da realidade social e ambiental das cidades (cada vez mais tem-se
falado sobre “direito climático” nesse contexto). É preciso lembrar, igualmente, que a própria
resiliência pode ser metodologicamente estudada e identificada de acordo com diferentes
sistemas urbanos, considerando diferentes escalas de resiliência: organizacional (governança e
direção), a espacial (planejamento urbano e zoneamento), física (infraestruturas) ou funcional
(produção de receitas municipais), cada uma delas envolvendo diferentes riscos (naturais,
tecnológicos, econômicos, sociais e políticos) 13 . Nesse sentido, “a resiliência na escala de uma
cidade assimila cada zona urbana a um sistema dinâmico e complexo que deve se adaptar,
permanentemente, aos diversos desafios de uma maneira holística e integrada” 14 .

Segundo este modelo de abordagem, apresentado em um documento de trabalho da
ONU-Habitat, todas as partes do sistema estão implicitamente relacionadas umas às outras, pois
as cidades são sensíveis às falhas e perturbações que tocam os componentes coletivos e
individuais, seja no caso de desacelerações econômicas, seja no tocante a problemas sociais,
epidemias ou do fracasso das autoridades em se preparar ou a gerir as fraquezas do sistema. 15
Concretamente, as estratégias de resiliência demandam por uma clara compreensão
dessa estrutura sistêmica, partindo do ponto de vista de que as cidades não serão resilientes se
permanecerem isoladas ou isolarem as suas regiões. Por exemplo, a ação de deslocar as zonas de
habitação para regiões e setores mais seguros, no caso de uma ameaça particular, tal como as
inundações de zonas costeiras, pode também ser um meio de responder a outras fontes de tensão, tais como a desigualdade social 16 . Um mapeamento integrado das diferentes redes técnicas
(eletricidade, água potável e saneamento básico) 17 seria outro bom exemplo do que a Declaração
de Quito chamou de “cidade inteligente”, incluindo o uso das tecnologias inovadoras de
digitalização e inteligência artificial para o melhoramento coordenado do uso economicamente
sustentável dos serviços envolvidos.


3. Modelos de resiliência baseados em infraestrutura verde

A incapacidade urbana de um Município se prevenir, de responder ou reagir a
desastres ou intempéries climáticas, gera insegurança social, colocando em risco a vida de seus
habitantes e da própria cidade. O modo como vemos a cidade é profundamente afetado. Há um
reflexo econômico de tudo isso, com a desvalorização de patrimônio histórico e dos
investimentos em novas construções. Daí a grande necessidade, cada vez maior, de pensarmos
em modelos e estratégias urbanas de resiliência. Vejamos alguns exemplos concretos que foram
adotados para tornar cidades, regiões ou bairros mais resilientes frente a eventos naturais.
No Noroeste Pacífico, região que compreende os Estados de Washington e Oregon,
nos Estados Unidos, e a Província da Colúmbia Britânica, no Canadá, foi iniciado um
movimento de criação de paisagens urbanas que “mimetizam funções ecológicas e hidrológicas
dos ambientes naturais” 18 . Trata-se de uma estratégia para a implantação de espaços abertos
urbanos, paisagisticamente tratados, para muito além de um “embelezamento urbano”, voltando-
se para o desempenho de funções urbanas estruturais, como o manejo das águas urbanas,
conforto ambiental, biodiversidade, alternativas de circulação, acessibilidades e imagem local. 19
Essa rede de espaços interconectados em escala de planejamento urbano (e regional) foi
denominada “infraestrutura verde”, considerando que o seu objetivo é conservar “os valores dos
ecossistemas naturais e suas funções como mananciais, controle ambiental, regulação climática,
recreação e lazer” 20 .

A partir de modelos originados na Alemanha e na Escandinávia, cidades como
Seattle, Portland e Vancouver decidiram por reconhecer e aproveitar os serviços que a natureza pode realizar no ambiente urbano, em espaços abertos, dentro e ao redor de uma cidade. Na
escala regional, essa rede de espaços compõe-se de parques, corredores verdes e espaços naturais
preservados; embasada nos princípios sólidos da ecologia da paisagem e do planejamento de
bacias.

Mencionamos alguns exemplos associados a este tipo de projeto: os jardins de chuva,
o canteiro pluvial, a biovaleta, o teto verde, o parque linear, a lagoa pluvial e o piso permeável
ou drenante. 21


4. Ações para o planejamento urbano ecológico e sustentável

No Brasil, a conscientização sobre a necessidade de um planejamento urbano
ecológico e sustentável vem crescendo progressivamente. Desde a Constituição Federal, a
política de desenvolvimento urbano, prevista nos arts. 182 e 183, bem como o direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, previsto no art. 225, trouxeram marcos balizadores para
uma nova leitura sobre a perspectiva ecológico-urbanística do desenvolvimento urbano.
O Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001) regulamentou os arts. 182 e 183 da
Constituição Federal, estabelecendo diretrizes gerais para o pleno desenvolvimento das funções
sociais da cidade, entre as quais, no art. 2º, I, “a garantia do direito a cidades sustentáveis”. Em
2012, o Estatuto da Cidade sofreu uma importante alteração, dando maior atenção, precisamente,
a Municípios suscetíveis a ocorrências de eventos naturais. Nesse sentido, o art. 41, VI do
Estatuto da Cidade, introduzido pela Lei nº 12.608/2012, passou a prever a inclusão no cadastro
nacional de Municípios com áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto,
inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos. Além disso, o art. 42-A,
incisos I a VI, também introduzido pela Lei nº 12.608/2012, passou a prever que os Municípios
incluídos neste cadastro deverão introduzir em seu plano diretor um conjunto de itens que
garantam, entre outros aspectos, um planejamento de ações de intervenção preventiva e
realocação da população de áreas de risco de desastre, medidas de drenagem urbana necessárias
à prevenção e à mitigação de impactos de desastres.

O tema da resiliência urbana tem sido incorporado e valorizado por iniciativas de
organizações e institutos privados que atuam no âmbito de consultorias e soluções integradoras
em arquitetura e urbanismo. É o caso, por exemplo, do Instituto Cidades Responsivas, que
“nasce da união entre o Grupo OSPA e a Escola Livre de Arquitetura (ELA)” 22 e se dedica à
inovação urbanística. Junto ao setor privado, o instituto dedica-se ao estudo vocacional para
empreendimentos e a organização de Charrette Design (workshop intensivo em design e
planejamento). Em relação ao setor público, o instituto propõe ações para a revisão de planos
diretores, diretrizes de planejamento urbano e plano estratégico local.


Considerações finais

Os estresses crônicos e choques agudos a que podem ser submetidas as cidades
trazem o inegável indício da necessidade de renovação do nosso olhar sobre o urbanismo. É
preciso incorporar ao planejamento urbano uma perspectiva sobre a resiliência, em sintonia com
o desenvolvimento sustentável.

A resiliência urbana, como questão fundamental para um urbanismo ecológico e
sustentável, vem tornando-se um tema cada vez mais presente, sendo um marco importante nesse
reconhecimento a Declaração de Quito (ONU-Habitat III), de 2016, com a chamada Nova
Agenda Urbana. Paralelamente, é possível identificar em modelos como a infraestrutura verde
(adotada no Noroeste Pacífico) alternativas para garantir a resiliência das cidades, mesmo com o
impacto de chuvas.

No Brasil, iniciativas como o a do Instituto Cidades Responsivas mostram como é
plenamente possível lançar sobre as cidades brasileiras um olhar para o futuro, de maneira
inteligente e tecnologicamente integrada, aumentando o seu potencial de resiliência e garantindo
a sustentabilidade.


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